Capítulo 06: Cidade-Poeta

Coleção Cidade-Poeta

Andar pela rua e observar as pessoas, os muros, as construções, o asfalto. Ler a cidade e ver o que tantas vozes urbanas compartilham, sentem, urgem.

O poeta enxerga as coisas como se fosse pela primeira vez. E por isso mesmo é que enxerga antes de ver. Assim mesmo é que observa a vida amorosa e hostil. Se surpreende com as cenas cotidianas, com as plantas rompendo o asfalto, com os lastros de humanidade no concreto.

Eu parei para ler as ruas e olhar nos olhos das pessoas com curiosidade e abertura.

Eu parei para declarar amor para e pela cidade.

O coletivo pode te abraçar com sua diversidade e também pode dizer verdades necessárias.

O nosso coração bate, a cidade fica em constante movimento e eis que aqui a sentimos pela primeira vez. Como se nunca, nunca(!) a tivéssemos visto.

Eu ando pela cidade-vazia, pela cidade-multidão.

A cidade da solidão e do amor

A cidade fala no chão, no muro, no céu, na solidão, na praça, na graça.

Eu escuto vozes na cidade e também as vejo. São mudas, berram, falam comigo, me abraçam, retas, retangulares, altas, casas, prédios, pássaros, perdidos, onde está a serra?

Eu vejo a cidade longe, de perto, e vejo, me vejo.

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